Só em um país de mentalidade terceiromundista para um brechó ainda sofrer tamanho preconceito. Em praticamente todos os outros países, inclusive de terceiro mundo, se é que esta expressão ainda tem grande valia, eles conquistara os status de "moda alternativa", "mercadores de história" que pode ser também aplicado aos pregos, depois falarei deles, "pechinchas de bom gosto" entre outros. Em países desenvolvidos, os brechós têm um nível de profissionalismo e sofisticação que humilham muitas de nossas lojas de grife. Alguns só aceitam roupas de boa procedência e em perfeito estado, no máximo precisando tinturar ou pregar botões, algo ainda longe da nossa realidade. Mesmo por aqui há brechós que passam por lojas finas, como verão mais a seguir, mas a regra é mais acanhada mesmo. Profissionalismo, aliás, é artigo escasso em todo o território nacional, convenhamos.
Eles sempre existiram, simplesmente porque sempre existiu gente pobre, e ainda haverá por muitos séculos. O princípio é simples, um estabelecimento modesto compra roupas ainda em condições de uso, mas que seus donos originais descartaram, seja por saírem de moda, por apresentarem alguns defeitos, desgaste pelo uso normal, nova condição sócio/cultural/religiosa/ideológica/escalafobética, ou puro consumismo mesmo. Como "ninguém mais quer" aquelas peças, elas podem ser compradas por uma ninharia, e revendidas por preços camaradas, mesmo assim oferecendo uma boa remuneração ao dono do brechó.
Sei de um sujeito na Califórnia, que conseguiu uma vida confortável com isso, comprando pilhas de roupas excelentes para uso, por cinqüenta doletas, e conseguindo cinco mil fácil, fácil pelo lote, no varejo. Isso com as boas, as perfeitinhas. As peças que têm pequenos defeitos, o mala rotula de "design" e vende por algumas centenas de dólares, cada uma. Pensaram que malandragem fosse cousa de brasileiro? Há! Amadores!
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O 500 original. Fonte da imagem: http://www.topolin-auto.fr/ |
Os brechós do Brasil tiveram um forte impulso do espiritismo, cujos seguidores costumam fazer bazares beneficentes, onde aceitam peças de qualquer origem e se dispõe a consertar pequenos defeitos, para ajudar a custear as obras de caridade. Sem querer, eles fertilizaram a semente do mundo vintage, que na época em que começaram ainda estava por brotar. Com base no princípio de dar valor pela utilidade, já que o apelo mercadológico e social praticamente desaparecem, na maioria das vezes, os brechós acabam aumentando o producto interno bruto de um país, pela reutilização e conseqüente maior circulação de capital, isto sim um produtor de riquezas sólidas.
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Como as pessoas de bom gosto e pouca verba podem se beneficiar em um brechó? Munindo-se de paciência e perseverança. Da mesma forma como o dono do estabelecimento precisou garimpar as peças por aí, o consumidor final também terá que procurar e filtrar muito, mas muito mesmo. Primeiro porque trata-se de roupa usada, de procedência desconhecida, cujo antigo dono pode ter uma compleição completamente diferente da tua; Segundo porque é quase certeza de que aquela peça é a única do modelo naquela loja, tanto mais quanto mais fina for, inviabilizando uma troca e dificultando ao extremo encontrar outra de outro tamanho; Terceiro porque aquele paletó, por exemplo, pode ter saído da fábrica como um tailleur completo, cujas peças estão espalhadas por vários brechós distantes entre si, obrigando o comprador a gastar sola ou se virar para conseguir uma boa combinação. É fácil sair pensando que está bem equipado, mas pronto para vencer o concurso da Festa da Marmota. Peças usadas demandam muito mais cuidado na escolha, jamais se esqueçam disso. Por falar nisso, há peças, especialmente dos anos sessenta a setenta, que foram pensadas para certos penteados e maquiagens, nem sempre combinam com outros diferentes, então não tenha vergonha do espelho, na hora de experimentar, para não passar vergonha depois, na reestréia da peça.
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Outra boa pedida, mas que demanda cuidado redobrado, por motivos óbvios, é a seção de antiguidades do Mercado Livre, aqui. É um tormento para gente de bom gosto com pouco dinheiro no bolso, e um campo minado para o internauta displicente ou inexperiente.
Os brechós tradicionais, cujos donos só querem um meio de vida para sustentar a família, existem aos montes, a maioria de gosto e com estoque duvidosos. Mas também já há os que enxergaram além do leitinho das crianças, e têm instalações dignas de lojas de grife, com peças de alto nível e preços correspondentes, não raro comprando algumas dos brechós tradicionais, para reformar e revender. Eles chegam ao requinte de não só parecerem, mas terem sua própria grife, copiando roupas de época e reproduzindo os modelos mais procurados; eis aqui a solução para aquele tailleur fragmentado. Estilistas sérios, aqueles que não querem ver as mulheres parecerem palhaças esqueléticas, costumam recorrer a esses brechós, quando não têm os seus próprios. Até por não terem recursos abundantes nas mãos, esses estilistas acabam percebendo que as mulheres têm curvas, mesmo as mais magricelas, e uma roupa feita para cabides não vai ficar bem nelas.
Para quem gosta do ramo, como as doces amigas Mymi e Sereninha, e pensa em viver disso, as notícias são muito boas. O custo de implementação do negócio é baixo, bastante baixo. Por oferecer quase nenhum risco, pois risco zero não existe, tem pouca burocracia e geralmente a licença para abertura é rápida... A não ser que queira-se vender também cosméticos, aí tem que ter o alvará sanitário, que é bem mais complicado. A sugestão é começar procurando nos bazares dos centros espíritas, que já fazem a triagem e pequenos reparos, vendem por uma pechincha e têm muita facilidade em conseguir novas peças velhas. Aliás, a quantidade de espíritas bem-sucedidos é maior do que a média, uma amizade com eles garante conseguir roupas mais finas e difíceis de se encontrar, assegurando um bom diferencial logo na inauguração.
Apesar de ser mais fácil, desaconselho colocar todo o estoque à vista e de qualquer jeito, no salão de vendas. Além de expor as roupas ao desgaste e danos, nivelará a clientela por baixo. Quem realmente se interessa pela garimpagem de roupas porque quer, não simplesmente porque está sem grana, não se furtará o direito de lhe pedir informações e sugestões. Como em tudo, na cultura retrô-vintage, fazer amizade com o cliente é fundamental, porque se ele fosse atender simplesmente à "racionalidade vigente", iria directo a um atracadão e compraria um lote de jeans e camisetas variadas. Mas preferiram ter o bom senso de perceberem que não são bio robôs, preferiram se dar o direito de cultivar a nobreza de uma boa garimpagem, mesmo quando não têm títulos nobiliárquicos. No fim das contas, quem conhece um pouco de história sabe pelo que os primeiros nobres passaram para merecerem seus títulos de nobreza, então vão garimpar de queixo erguido.
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Pois eu amo os babados e frufrus e mangas jabô, maravilhoso, principesco, tá? Beijo! Vy
ResponderExcluirPara isso serve (ou deveria servir) a juventude, para fazer as pessoas pererem a vergonha do que não precisam ter, o que inclui vestir e usar o que lhes agrada.
ExcluirOBRIGADO POR LINKAR NÓIS...KKKK
ResponderExcluirEM BREVE MAIS E MAIS NOVIDADES... SOU FISSURADA EM BRECHÓS... GOSTO AQUELES DE BAIRROS BEM DO SUBURBIO, POIS ENCONTRO PEÇAS RARAS POR PREÇOS BAIXOS E FAÇO O MAIOR SUCESSO.... BJOSSSSSSSS
Grato, e desculpe pelo IMENSO atraso.
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