sábado, 23 de julho de 2016

Um Cafezinho retrô



   Eu sou um ermitão, confesso que só saio para trabalhar e pagar contas. Quase nunca saio a lazer e, mesmo quando o faço, levo muito a sério a saída. Por isso não publico coisas como bares e lanchonetes retrô em Goiânia, até porque são bem poucas as de que ouvi falar, mas tentarei mudar um pouco isso.


    Começo pela apresentação do Luiz Café Conceito. Voltava de um encontro livre de rat e hot rod com meu amigo Sérgio, em seu indefectível Escort XR3 conversível, com a capota baixa. Ele decidiu me mostrar onde será o encontro de bicicletas antigas e customizadas que se dará na semana que vem, no citado café.

    
    Logo na entrada há uma bicicleta customizada em estilo retrô low rider, toda cobreada, com o falso tanque estilizado como nas dos anos 1950, só que anguloso e acompanhando o alongamento da bicicleta. Por si só já chama atenção para o café. E por chamar atenção, precisa ficar acorrentada... Coisas de quem sabe em que país mora.


    Por dentro é tudo muito autêntico, de uma rusticidade refinada, como na antiga aristocracia rural inglesa. A madeira aparente, a simplicidade dos elementos, a despretensão de parecer um lugar chique, finda por tornar o ambiente chique. Há uma música ambiente muito relaxante.


    O mobiliário inclui um piano de armário, que cliquei tentando não incomodar o cliente que lia concentrado o seu livro, e parecia estar imerso mundo que lia no momento. Decerto que o ambiente oferecido, cobrado com justiça, corroborou para esse imersão literária.


    Atrás dele, em uma photo que saiu borrada, podemos identificar um sofá. Não um sofá de design, algo raro ou de materiais exóticos. Um simples sofá desses que encontrávamos muito nas casas de classe média baixa, até meados dos anos 1980. Mas que utilidade teria um sofá em um café, perguntaria um leitor que acaba de descobrir o universo vintage? Serve para duas pessoas conversarem com mais intimidade, enquanto saboreiam seu café, sentindo-se como na casa da mamãe.


    Um relógio na parede contraria o que se entende por negócio moderno, ele funciona e marca as horas certas! Há duas estantes que o ladeiam, fixadas na parede, repletas de objectos que remetem realmente àquelas casinhas de adobe de nossas avós, como no tempo em que a rua em que nasci era passada de boiada...


    Isso pode causar estranheza porque, por este relógio, as pessoas sabem se está muito tarde e podem decidir não consumir mais, para não se atrasarem para seja lá o que for. Como vêem nas photos, é um relógio relativamente grande e chamativo. Sua presença é muito valorizada pelos enfeites das estantes rústicas entre as quais está. Lembremos que é um café, não um shopping center. Para quem preferir, há um ambiente externo, este contava com vários clientes no momento.

     Uma dica que aprendi nesta noite, com o rapaz que nos atendeu, é a ingestão de um pouco de  água com gás, antes de tomar o café. Ela limpa o paladar e aumenta o sabor da bebida, aumentando também o prazer de um apreciador. Eu não tomo café há anos, quando precisei tomar novamente um gole, para não fazer desfeita, passei mal, então confiei nas reações do Sérgio.

    Provavelmente por isso não está sempre cheio. Embora eu tenha sentido falta de alguns elementos que a concorrência saberá explorar, como salgados, mesmo que mais refinados e justificadamente mais caros, o estabelecimento merece uma visita, porque o cardápio vai bem além do trivial cafezinho expresso. Mas isso é para quando tiver mais tempo, com uma boa companhia, de preferência.

    O que pode acontecer logo, na semana que vem, quando teremos o encontro das bicicletas, para um público mais selecto e aberto aos prazeres mais refinados, que esta cidade não trata com o respeito merecido. Ser rústico não significa ser grosso, certo? Certo. Agora, vocês devem estar perguntando se aquilo, naquela photo vertical borrada é um cabide de chapéus. Sim, é. Eu uso chapéu no dia a dia, então vocês podem deduzir o quanto gostei do ambiente.


    O evento será no próximo sábado, dia 30 de Julho, à tarde. Para quem estiver em Goiânia na ocasião, o Luiz Café Conceito fica na Rua 32A, no Setor Aeroporto, quase esquina com a 9A. Eventos com bicicletas antigas são sempre um bom motivo para sair de casa e voltar com muitas histórias para contar.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Violeta vitoriosa


    Das colinas da Nova Zelândia, veio uma garota que decidiu não seguir os padrões esquálidos e insalubres de muitas de suas conhecidas. Decidida a tornar-se dona de seu nariz, e que narizinho lindo, rendeu-se de paixão à cultura da era de ouro americana, passando a vestir-se, maquiar-se e viver de acordo com seu sonho de vida.


    Vocês sabem, aquele continente não é exactamente o mais frio do mundo, na verdade pode ser bem quente no verão, por isso o uso de saias e vestidos longos pode soar  muito anacrônico, especialmente quanto todos ao redor estão com seus corpos à mostra, sendo tostados pela radiação ultravioleta, que tem sido ultraviolenta para o novíssimo mundo.


    A cabeleireira bonita de curvas generosas não tardou a chamar a atenção do público, fazendo de sua aparência o próprio cartão de visitas, conquistando clientes fieis para seu salão de beleza. e de beleza ela entende!

    Não basta ser bela para manter a clientela, é preciso ter competência, que Violet aplica no próprio visual. Ela tem tutoriais em seus canais. Faz questão não só de testar e indicar novos cosméticos, ensina como usá-los da melhor forma possível. Que mais? As clientes fazem questão de posar para mostrar os resultados e a comparação de antes e depois de passar por suas mãos de fada.

    Não tardou também a ser requisitada como modelo de moda retrô, chegando a posar sensualmente em corseletes e espartilhos que só fazem acentuar as proporções de seus dotes, mas tudo com cuidado, essas peça não são para uso cotidiano. Mas como ficam bem naquela mulher, meu Deus! Ela parece ter saído da Hollywood de 1952 para o mundo sem graça que nos cerca e agride hoje!

    Quando falo em sensualidade, não me refiro às poses ginecológicas e de "sarjeta chique" que a demência dos "estilistas" tornou tão comuns nos ensaios de moda da actualidade. Ela preza, a despeito das críticas que moças "activistas" lhe dirigem, a feminilidade e a elegância. Deve ser inveja! Quem está seguro de suas escolhas, não ataca as alheias. Especialmente porque ela faz questão de dizer com alegria que é casada, enche a boca, digo, o teclado para escrever "MY HUSBAND" e "MY HANDSOME MAN". Algo importante para não deixar florescer esperanças em rapazes arrebatados por sua beleza clássica.


    O marido, aliás, tão apaixonado pela jovem esposa quanto ela é pela vida que escolheu, comprou seu sonho e o vive consigo, viajando pelo mundo a acompanhar sua amada em eventos retrô e vintage, dos quais ela coleciona títulos, amizades e histórias com outras pin-ups contemporâneas. Ela é habitué nos eventos americanos, figura fácil no clássico e tradicional Viva Las Vegas, onde é rapidamente reconhecida pelo público.

    Não se trata de uma garota encantada por uma moda, ela vive os anos 1950! Sua fidelidade à época é tamanha, que só a qualidade das photos pode (ou não) dizer que trata-se de uma imagem contemporânea, porque a doçura do gestuário é típica do que se praticava na época. Claro que vocês sabem, mas não custa relembrar, o mel tem ferrões a guardá-lo. Ela já baniu de seu perfil gente que insistia em criticá-la pelo que fazia ao seu corpo(!), aquele tipo de gente que prega justamente palavras de ordem do tipo "meu corpo, minhas regras".

    Então a opção de vida e estilo tornou-se um complementar meio de vida, e os convites para ensaios por marcas tornaram-se muitos, mas muitos mesmo, a ponto de Violet tornar-se referência na cultura vintage. A morena recentemente tingiu de ruivo suas madeixas, causando estranheza no começo, mas seus seguidores, admiradores e secretos apaixonados não deixaram por isso de enxergar seus encantos, agora mais luminosos.

    Ontem, dia 19 de Julho de 2016, ela sofreu um acidente, seu carro foi abalroado na traseira, chegou-se a pensar que tivesse quebrado as pernas. Felizmente um alarme falso, seguido de centenas de protestos dos fãs que amealhou, sendo doce e meiga com quem faz por merecer seu carinho. Ela encoraja sem pudores quem quer aderir ao estilo, encoraja e pede photos para ver a transformação de uma pessoa alegre normal em uma pessoa feliz que incomoda os haters.


    Sem mais, ainda com os cabelos ao natural, conheçam a doce, severa e maravilhosa Miss Victory Violet! Tentem não babar muito, por favor!


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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Interclubes de veículos antigos


    Neste Julho o último domingo coincide com o último dia do mês. É quando acontece há mais de quinze anos, o encontro interclubes de veículos antigos, capitaneado pelo CVAGO, Clube do Veículo Antigo de Goiás.


    O evento trocou de lugar várias vezes, desde os primeiros encontros improvisados na Praça Cívica, ainda nos anos noventa, quando era apenas o "Clube do Fordinho". Hoje é um dos clubes de veículos antigos mais respeitados do mundo inteiro, apesar de ainda ser modesto, em relação aos pares de outros países.


    Um dos "poderes" de um clube assim, é a emissão do certificado de originalidade, antes exclusividade dos clubes filiados à Federação Brasileira de Veículos Antigos, que é filiada à Federação Internacional. Infelizmente o lobby político permitiu que clubes de fachada pudessem vender o certificado, criando assim a versão bizarra da Placa Preta, a Placa Treta.


    A Placa Preta é concedida a quem mantém um mínimo de 85% de ítens originais. Pode parecer pouco, mas o motor inteiro é um ítem, o estofamento inteiro é um ítem, enfim, na prática o carro tem que ser quase cem por cento fiel ao original de fábrica.

    Carros que vocês pensavam ter sido todos completamente destruídos pelas corridas de demolição dos anos oitenta, ou virado  parafuso e tampa de panela em siderúrgicas, estão sendo resgatados, alguns do ferro-velho, e transformados em rat-rods, hot-rods, street-rods e carros de coleção dignos de exposição em museus.


    Os clássicos americanos que a maioria acredita só existir em filmes da Sessão da Tarde ou em séries de época, costumam dar as caras. E Opalas, muitos Opalas! Há dois clubes só para o Opel Rekord alemão com motores quatro e seis cilindros americanos. Há um clube só para Fuscas e derivados, desde que mantidas as características básicas de motor traseiro refrigerado a ar.


    Não é, porém, apenas carro que aparece nos encontros, que hoje engloba seis clubes oficiais. Há também venda de peças e antiguidades, que tem crescido na mesma proporção do público e do número de veículos expostos, o que tem feito o Cepal do Setor Sul ficar cada vez mais apertado.


    A memorabilia tem crescido e se diversificado, com abajures, som automotivo de época, brinquedos com alta preservação, câmeras photographicas de antes da segunda guerra, vitrolas, discos de vinil originais de época, ferros de passar roupa tocados a carvão, telephones de manivela e por aí vai. É frustrante não ser rico, nessas horas.


    Enfim, se vocês estiverem em Goiânia no próximo dia 31 de Julho, dêem uma passada pelo Cepal, na rua 115, no Setor Sul. É grátis, é sadio, é familiar, é vintage!


    Todas as photos são de minha autoria, foram feitas no último encontro, dia 26 de Junho deste ano.