sábado, 18 de agosto de 2012

O vintage de Curitiba para o mundo

Fonte da imagem: http://cartunistasolda.com.br/
Paraná é o maior celeiro vintage do Brasil, especialmente Curitiba. Podem dizer que seus cidadãos são metidos a besta, que pensam que estão em Londres, que são mal educados, mas a cidade tem qualidades e elas merecem ser destacadas. A que nos interessa aqui e agora, é a força da comunidade retrô e vintage curitibana.

Não basta fazer parecido, o curitibano vintage gosta de fazer bem feito, e faz. Existe um festival anual chamado Viva Las Vegas, que se dará de 28 a 31 Março de 2013. O mote do dito cujo é a cultura vintage e retrô, incluindo a música. Alguns meses antes do festival seguinte, eles convidam as melhores bandas do gênero do mundo, para participarem do festival. Como todo americano, se intitulam o maior festival de rock dos anos cinqüenta do mundo, o que deve ser verdade. As regras são simples e rígidas, para evitar alguém alegar que não entendeu, bem como para manter o nível e a organização do festival, afinal as pessoas vão lá para fugir dos problemas, não para conseguir mais, não do tipo que não dá retorno.

Serão quatro dias de moda, música, memorabilia, antigomobilismo, apresentações burlescas, pin-ups e tudo mais. Só o melhor em dezenas de eventos paralelos que, francamente, fazem ser parcos esses quatro míseros dias em Las Vegas. Serão cerca de sessenta músicos/bandas vintage na próxima edição, sendo cerca de uma dezena de outros países. O vintage fashion show, por exemplo, que contará com profissionais gabaritados, que vivem do que vão mostrar e moram em um país que recebe tudo o que há de melhor no mundo, além de um arquivo nacional capaz de transformar o costureiro mais incompetente em um bom copiador de moda retrô. Em suma, os anos quarenta e cinqüenta estarão vivos, com o que tinham de melhor, nesse belo evento... Sem as discriminações estúpidas da época, só o que havia de bom mesmo. A única crítica é mesmo o tempo, quatro dias não dão para quem quer conhecer tudo o que um festival de tamanho porte e sortimento oferece, porque tudo em Las Vegas é grandioso e sortido, inclusive as lições de sucesso que cairiam certinho no sertão do nosso nordeste. Acredito que uma semana e meia estaria de bom tamanho.

Negócios, claro que sim, o que seria de um evento tipicamente americano sem bons negócios? A própria lojinha do website do Viva Las Vegas (aqui) é bem sortida e tem preços para todo mundo poder comprar, a partir de um dólar. Cedês, devedês e elepês vão de dez a vinte dólares; um pouco caro para os padrões deles, mas trata-se de souvenires, mais do que de simples arquivos de mídia. Também há muita gente, física e jurídica, inscrita para incrementar seu ganha-pão. As regras são igualmente simples e directas, para não deixar sombra de dúvidas.

E o que encontramos na lista de convidados, quando clicamos no link "bands"? Encontramos uma lista de bandas convidadas, onde figura a paranaense Annie & The Malagueta Boys. É um grupo de rock'n roll vintage formado em 14 de Dezembro de 2009 por cinco jovens impetuosos e bem humorados... Sim, em Curitiba. A bela, a glamourosa, a feminina, a sedução e doçura em forma de cantora Annie, e os quatro marmanjos serelepes a saber: Rick Pacheco na guitarra, Victor Rodder no sax, Jonny Thirty no baixo acústico e Wolfman Jeffo na bateria. São amigos, o grupo começou a se formar de maneira tão espontânea quanto um parto. Diz a lenda que Tudo começou quando Victor visitou o Jalapão, caiu na conversa de um pajé e levou um colar de pimenta consigo, para Curitiba. O pajé teria lhe dito que a música era a sua missão, que deveria cumprí-la e arranjar uma beldade ruiva para cantar o que ele e os outros rapazes tocassem. Está claro que esses cinco têm a obrigação clara e inequívoca de nos divertir?

O grupo se apresenta nos redutos vintage de Curitiba e aonde mais os convidarem. Tem uma agenda bem recheada, mas ainda sem os apertos claustrophobicos de alguns conjuntos retrôs da Europa, como os alemães do The Baseballs, e dos Estados Unidos. Esperam até os americanos verem o repertório, então eles começam a fazer sucesso de verdade aqui no Brasil também.







Website do Viva Las Vegas, clicar aqui.
Myspace de Annie & The Malagueta Boys, clicar aqui.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Os bailes retrôs - 60s

Fonte da imagem: http://revi-vendo.blogspot.com.br/

Têm proliferado os bailes temáticos de outras épocas, no Brasil, especialmente entre os antigomobilistas. Embora haja aqueles com miscelâneas de épocas, os mais comuns são os dos anos sessenta, não só pela facilidade em encontrar material, mas porque foi a época em que começamos a ter uma produção cultural e industrial realmente relevante, embora ainda tímida.

Interessante notar que as pessoas se referem às outras décadas como se elas fossem uniformes do início ao fim, como se a moda da anterior desaparecesse rapidamente na vidara do ano, o mesmo acontecendo com a de então quando a seguinte surgisse. Bem, não é assim que funciona. Vamos tomar o caso específico da década de 1960.

Fonte da imagem: http://www.theeuropeanlibrary.org/tel4/?locale=pt
De 1960 até cerca de 1963, os anos finais de 1950 estavam por toda parte, fortes como novos. Embora o estilo mais limpo e minimalista seja a marca sessentista, o volume e a imponência cinqüentista estavam por toda parte, com desaparecimento gradual dos catálogos comerciais, tanto na moda, quanto nos carros e na mobília. Embora já aparecessem as roupinhas que deram a tendência dos anos seguintes, mas a década anterior ainda não parecia velha. Mesmo nos rincões mais interioranos deste país, as novas modas não demoravam mais tanto a chegar e, pasmem, o povo da roça tinha bem menos preconceito contra a barra alta do que os da cidade grande. Havia uma miscelânea de épocas, pelo menos onde eu vivia, mas isso é outra história.

Fonte da imagem: http://www.thefashionspot.com/
 De fins de 1963 até cerca de 1967, especialmente com o advento do modelo comercial da mini saia, o estilo minimalista bem cinturado estava em voga, especialmente por influência da diva Audrey Hepburn. Também aqui começa o culto ao retrô e vintage, ainda de modo discreto, como um nicho de intelectuais e gente mais desapegada do status quo, este que passa a ter no vintage mais uma âncora, com o tempo. fazer o que? Mas a função deste blog é trazer as lições e as cousas boas de cada época, fiquemos com elas então. Como miolo da década, esta época torna-se o divisor de águas e, embora não desapareça nem de alguns catálogos, as roupas de antes começam a envelhecer, ao menos as que mantêm todas as características de quando foram lançadas.

Fonte da imagem: http://enjoysthin.gs/

Daqui então até a virada para 1970, com os hippies e a cultura do paz e amor, rapidamente deturpada pelo narco tráfico, vêm as roupas coloridas berrantes da cultura psicodélica, liderada oficialmente pelos garotos de Liverpool. As roupas ficam mais soltas, inclusive as formais, fomentadas pelo incremento do turismo externo dos americanos, no auge de sua influência mundial, eles que se tornam atrações tão interessantes quanto os lugares que visitam, com suas roupas de férias extravagantes e seus micos hilários. Estampas fractais ganham força a duram até quase o fim da década seguinte.

Aviso, porém, que ao longo dos anos sessenta, embora com a predominância da época específica, todas as modas da década conviveram em relativa paz, sendo possível encontrar catálogos de época com modelos que remetem a vários anos anteriores, devidamente actualizados.

Um equívoco recorrente é vestir as crianças da mesma forma como os adultos. Roupas de criança imitando as dos adultos é moda recente, e meio besta, diga-se de passagem. As roupinhas retrô e vintage são feitas para dar conforto e realçar a fase em que a criança vive. Uma menininha dos anos sessenta não usava blusa com elastano e saia esvoaçante com anáguas embaixo, usava vestidinhos coloridos, com golas bem desenhadas e bolsos, geralmente um chapéu estilizado e sapatinhos de verniz. Repito que a moda idiota de fazer mini adultos é recente, totalmente diferente de meados dos anos oitenta para trás.

Também há o problema de se definir que tipo de baile seria. Em uma mesma época temos as roupas do cotidiano, as de trabalho, os uniformes, as roupas de passeio, as formais e as de gala, todas distintas entre si, embora carreguem as marcas de sua época. Que estilo escolher? Um baile de formatura, por exemplo, tinha roupas mais finas do que os bailes semanais da escola, um baile de debute era ainda mais formal e por aí vai.

Ok, o que vocês querem é só reviver a época e mais nada, sem compromissos maiores de fidelidade. Certo, uma produção bem feita dará belíssimas photographias, como o último baile do Fusca Poços de Caldas aqui. Neste caso, foi uma confraternização, onde a maioria dos participantes mal conheceu os anos setenta, quanto mais os sessenta. Aqui vale então mais a seleção de músicas. Para quem não quer carregar toneladas de vinís para cima e para baixo, correndo até o risco de danificá-los, recomendo levar um computador e conectar ao Malhanga Home Page, este aqui, que tem na coluna à direita links para o melhor dos anos sessenta, em páginas de música francesa, italiana e em inglês, e até preciosidades em português que não chegaram às nossas paradas de sucesso... e olhe que estavam paradas, imeginem se fossem andadas!

Para a indumetnária, recomendo o Fashion era aqui, que conta a história da moda desde a idade média, com bom nível de detalhes, até as décadas mais recentes, inclusive fazendo a devida separação de épocas, dentro de cada década do século XX. Também o My Vintage Vogue aqui, que traz photographias muito nítidas, propagandas de época, enfim, um complemento perfeito e valioso ao primeiro site.

Aqui um baile da época:
Aqui um baile retrô:
Website do Fusca Poços de Caldas, clicar aqui.