domingo, 14 de outubro de 2012

Os papéis de parede

Fonte da imagem: http://picsdecor.com/

Hoje são sinônimos de adorno para monitores, mas o papel de parede residencial ainda vive, ao contrário do que muitos pensam, como a caneta-tinteiro e o relógio à corda. Tiveram seu maior impulso na idade moderna, especialmente França e Inglaterra.

Por que lá? No caso dos franceses, eles são muito afeitos ao refinamento, ainda hoje, mesmo quando são grossos com alguém. O papel de parede é uma forma relativamente rápida e barata de diferenciar ambientes, permitindo uma delicadeza que seria frágil e cara demais se fossem comprar objectos afins, dando a cada um a identidade que melhor lhe couber, e se adaptar à gente da casa, com cores e estampas diferenciadas.

No caso dos ingleses, a fleuma tipica e vigorosa como nunca, até hoje, ainda mantém vivo o gosto pelas boas tradições e pela identidade familiar, uma conseqüência de ser um dos países com maior identidade nobiliárquica do mundo. Como as casinhas inglesas têm uma identidade nacional forte, eles capricham na diferenciação do interior. Até a segunda guerra, predominavam as cores vibrantes, mas em tons sóbrios e com desenhos clássicos.

Mas foram, claro, sempre eles, os americanos que deram ao papel de parede a dimensão que ele ganhou, e mantém nos dias vigentes. Os filmes clássicos deram ao restante do mundo, em especial ao terceiro mundo, de d'outra forma jamais conheceria o producto, o conhecimento de um revestimento interno prático, fácil de manter e fácil de trocar. Se há uma conseqüência positiva na histeria consumista dos anos cinqüenta, foi o aprimoramento das técnicas e dos materiais.

Fonte da imagem: http://hitez.com/

No começo era só limpar a parede,  passar cola e ter todo o cuidado para que as lâminas ficassem devidamente alinhadas. Algumas horas de espera, para a cola secar, e já se poderia encostar sem medo. Os desenhos animados exageravam, mas realmente era comum o aplicador leigo se atrapalhar todo e ser empapelado, em vez de empapelar a parede. Se existisse youtube na época, vocês veriam hoje uma série se vídeo-cassetadas de papéis que se voltaram contra seu aplicador. Gente empapelada na parede já é soltar muito a imaginação, mas não é impossível.

As desvantagens de resistência em relação às melhores tintas, eram muito diluídas pelo baixo custo de aquisição e instalação, por o papel não começar a descascar por causa de arranhões, e pelo facto de as artes das crianças serem tão danosas para um quanto para a outra. Acabava saindo mais cômodo e barato substituir uma lâmina de papel, do que contractar um pintor profissional e isolar o cômodo até tudo secar. Quase sempre, um aplicador profissional empapela um cômodo grande em um dia, sem estragar ou sujar absolutamente nada. Às vezes acontece de o comprador mesmo conseguir fazer o serviço.

O papel de parede permite mudar a decoração do ambiente, conforme o tempo passa e as crianças vão crescendo, o que até aumenta o interesse da prole pela casa e pela família, já que, afinal de contas, as cousas não ficam iguais ao que sempre foram. Crianças, como os gatos, precisam ter sua curiosidade atiçada, sempre.

As desvantagens são as velhas conhecidas dos papéis. maior sensibilidade à umidade, aos fungos, e ao fogo. Havendo ainda o risco de aquele padrão lindo, comprado após uma luta naquela liquidação, sair de linha a qualquer momento. O risco é tão maior quanto mais diferente for a padronagem. Mas um papel de parede bem escolhido, sem ir directo para a armadilha do mais barato, sempre deu ao ambiente um ar mais sofisticado, tornando até a permanência familiar na casa, mais agradável. Com decorações diferentes, a casa acabava parecendo ser maior do que realmente era.

Fonte da imagem: http://www.sanderson-uk.com/default.aspx

Vocês podem imaginar que não é com papel de embrulhar pão que fazem o artigo. Assim como aço, vidro e plásticos, há milhares de receitas para o papel, algumas delas são bem resistentes a manchas, productos de limpeza, temperos e urina de crianças e animais. São as receitas adequadas ao papel de parede.

Até meados dos anos cinqüenta, predominavam as estampas florais e listras verticais, para fazerem as casas parecerem maiores e mais amplas, além de dar a impressão de ser um lugar tranqüilo para se refugiar do mundo. Depois vieram os padrões geométricos dos anos sessenta, que foram nutridos pela corrida espacial. Todo mundo queria morar no futuro, de preferência com os baixos custos de uma aparência moderna, às custas de empapelar paredes. Nos anos setenta, a psicodelia ainda tinha força de sobra e ajudou a vender motivos fractais, além de padrões imitando azulejos estilizados, que acabaram migrando para sofás e roupas de cama.

Houve, e voltou recentemente com photographias, linhas de texturas que decoravam portas de garagens, dando ao cidadão médio a impressão de estar ascendendo, o que ele tanto desejava. Afinal, entrar com um Fairline 500 em uma garagem personalizada, com a porta dando a impressão de que se abria o portão de uma mansão, fazia a labuta valer à pena. É uma ilusão? Sim, é uma ilusão. Mas ninguém deixa de tomar analgésicos por saber que as causas da dor permanecem lá.



Nos anos setenta e oitenta, em Goiás pelo menos, tornou-se moda usar rolinhos de pintura com desenhos de borracha, como se fossem carimbos rolantes, para imitar o papel de parede. Motivo? No Brasil, como com quase tudo, as cousas demoram demais a baratear, e a falta de informação da população é tão aguda quanto crônica. Muita gente fica espantada em saber que papéis de parede ainda são feitos e vendem bem!

Hoje em dia eles se tornaram tão resistentes a quase tudo, sendo alguns feitos de PVC, que não propaga chama, que podem facilmente decorar também o exterior. Claro que a durabilidade cai e os cuidados são redobrados, mas é algo que exigiria um trabalho artístico caríssimo e muito demorado, se fosse pintar a parede com o que o papel permite. Com a tecnologia da plotagem já tão disseminada, fica muito fácil criar a própria padronagem e mandar imprimir, guardando o original em um pendrive.

Uma derivação é o papel photográphico que, como diz o nome, coloca imagens em vez de padrões, na parede. É uma faca de dois gumes mais afiada do que o tradicional, pois leva ao pé da letra o gosto estético do comprador, que sabemos que muda muito com os anos. É diferente de uma padronagem, que pode refletir um gosto sazonal, mas ainda assim agradar pelo resto da vida. Imaginem uma adolescente colocar a imagem daquele grupinho mercadológico na parede, e olhar de novo cinco anos depois.

Fonte da imagem: http://www.wallpaper.com/

A conservação, ontem e hoje, não muda muito. Limpar com pano úmido e sabão neutro, não usar productos específicos de limpeza, muito menos com alvejantes. Encerar com cera incolor, ajuda, mas geralmente é um cuidado suplementar. Ainda há os não laváveis, muito baratos, que eu só recomendo para decorar estandes de uma feira, por exemplo, onde a durabilidade não é quesito fundamental.

Aos que se interessaram, mas não sabem onde raios arranjar um papel de parede, já que nenhum amigo tem em casa, deixo alguns links mais relevantes. Quase tudo com alta qualidade é importado, em parte por causa da demanda ainda baixa. E deixo o link do blog Favorite Thinks aqui.

Nacionais:
Revestic, clicar aqui.
Casarama, clicar aqui
Bombinex, clicar aqui.
Ciça Braga, clicar aqui.
Tok & Stok, clicar aqui.
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Casa do Papel de Parede, clicar aqui.
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Estrangeiros: 
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